OBRAS
TIMÓTEO LOPES
Salvador (BA), 1988 l Vive e trabalha na cidade de Salvador (BA), Brasil.
Timóteo Lucas Lopes Brandão é graduado em Artes Plásticas pela Escola de Belas Artes da Universidade Federal da Bahia e, atualmente, mestrando pela mesma instituição. Desenvolve uma pesquisa nas artes visuais em que explora um diálogo entre as técnicas tradicionais e uma linguagem contemporânea. Trabalha com gravura, fotografia, objetos tridimensionais e intervenções urbanas. Em suas obras mais recentes, o artista utiliza o espaço público como suporte para inserção de xilogravuras realizadas através de matrizes de grande e médio formato representando tanto elementos da natureza quanto retratos de pessoas anônimas.
Os olhares sobre a cidade deslocam pessoas do mundo real para uma narrativa fictícia onde um contexto social violento e caótico é permeado pela escassez de direitos básicos. Como artista, encontra inspiração no cotidiano e na força do olhar expressivo e da figura humana. A abstração se torna nitidez figurativa quando observado de longe, marcado por seus sulcos, quase como se fossem vestígios da ação do tempo relativo a um indivíduo. As experiências que o levaram a este caminho vieram através de um olhar atento sobre o mundo ao seu redor, sempre movido por uma inquietação de explorar novas fronteiras do fazer artístico e poder contribuir, de alguma forma, para o crescimento e o desenvolvimento coletivo através da democratização da arte como um poderoso meio de transformação social.
ENTREVISTA
Como você entrou para o mundo das Artes?
Meu gosto por desenhar se deu ainda durante a infância e muito provavelmente isso me influenciou bastante a escolher o curso de Artes Plásticas quando prestei o vestibular no ano de 2011. Daí em diante, o contato com o fazer artístico se ampliou ao longo do tempo. Conheci novas linguagens, novos meios de produção, além de me relacionar com outras pessoas talentosas que sempre me trouxeram novas motivações e inspirações para seguir adiante.
O que você entende como Artes Plásticas?
A plasticidade de um objeto se relaciona com a sua capacidade de ser moldado, modelado ou modificado. Os diferentes meios de fazer artes plásticas ou artes visuais, dialogam mais diretamente com a (des)materialização de uma ideia ou conceito que o autor tem interesse em tratar, ampliar e trazer para o foco de um debate. Essa ideia pode se relacionar na forma como um artista enxerga o meio que o cerca, ideias ou conceitos que foi exposto ao longo da sua vida e de alguma forma o marcou através de emoções diversas como revolta, alegria, tristeza, felicidade, etc.
Como você define sua Arte?
“Eu não pinto natureza. Eu sou a natureza” Jackson Pollock. Gosto de pensar que o que faço foi traçado por um animal, um rastro de cupim na madeira, rios e vales que secos são observados de cima. Definiria minhas obras como o resultado de um processo de cura.
Quais são suas maiores referências no mundo das Artes?
Acredito que cada obra dialoga com nosso estado de espírito no momento em que nos vemos diante de um trabalho artístico. Minhas maiores referências estão na arte rupestre e primitiva, ainda que, de grosso modo, meu trabalho dialogue muito mais com uma linguagem tecnológica.
Quais são os principais temas utilizados em suas obras? E por quê?
Entre diversos assuntos abordados, os temas que mais se repetem são os retratos, a figura humana, paisagens naturais e natureza. Relacionar o homem como parte do meio ambiente em uma representação figurativa com um toque de expressividade.
Quais são as principais técnicas utilizadas em seu trabalho? E quais delas você mais gosta de utilizar?
Acredito que as técnicas que mais desenvolvi nos últimos anos foram aquelas relacionadas às artes gráficas tais como a xilografia, litografia e calcografia. Mas também não abro mão de realizar algumas experimentações com o desenho, escultura em madeira, pintura a óleo, colagem, montagem de objetos e materiais diversos.
O que você busca passar através de suas obras para o espectador?
O embate entre a figura humana e o elemento da madeira após o processo de entalhe.
Quais as melhores e maiores experiências em sua carreira artística?
Minhas maiores experiências foram sempre em momentos em que se torna possível fazer ecoar as vozes dos artistas visuais que, de alguma maneira, espelham a nossa sociedade.
Em sua obra existe um cunho de protesto além do que se é obviamente visto? Se sim, qual? Se não, há algum tema que desperte a sua vontade de protestar?
“É dever do artista refletir o seu tempo” diria Nina Simone. O ato de resistir e persistir em trabalhar com arte nas atuais configurações de valores da nossa sociedade essencialmente capitalista já é, em si, um ato de protesto. Vejo no exemplo da arte urbana um veículo democrático de troca de ideias e pensamentos expressados das mais diversas formas técnicas e temáticas. O grito de uma pichação ou o silêncio de um muro em branco? E como uma xilogravura interage com esse cenário?
Você tem interesse em fazer uma exposição itinerante? Se sim, como você imagina essa exposição? Saberia dizer qual tema gostaria de abordar?
Imagino uma exposição itinerante em que sejam criados retratos de pessoas comuns daquele local através da técnica da xilogravura. As diversas impressões seriam coladas com resina em locais públicos e as matrizes doadas aos retratados.
Aonde você almeja chegar como Artista Plástico?
Almejo desenvolver com fluidez a produtividade e circulação dos meus trabalhos.